A maioria das 756 pessoas que vivem em situação de rua é composta por homens negros (85,1%) ou pardos (63,8%), com idades entre 30 e 49 anos (63,5%), e baixo nível de escolaridade, em São José do Rio Preto (SP). As estatísticas fazem parte do Censo da População em Situação de Rua, divulgado nesta quarta-feira (13) pela Secretaria Municipal de Assistência Social.
O motivo para a maioria (49%) estar na rua é o uso de substâncias psicoativas (álcool ou drogas), ou por conflito familiar (47%).
No total, a Assistência Social registrou 1.645 pessoas vivendo em situação de rua em Rio Preto, sendo 861 delas categorizadas como flutuantes, ou seja, migrantes que passam pela cidade em um período de até seis meses, além de moradores que intercalam entre estar na rua ou em casa.
As estatísticas são do último relatório quadrimestral (setembro-dezembro/2023) do município, relativo a atendimentos realizados pelos serviços especializados em pessoas em situação de rua.
Questionamentos
Realizado durante os dias 11 a 15 de março, o Censo contou com aplicação de questionários por 147 trabalhadores e voluntários, em oito pontos da cidade especializados no atendimento à população vulnerável.
Do universo total de 756 pessoas em situação de rua que responderam ao questionário, 219 delas foram entrevistadas pelo Serviço Especializado em Abordagem Social, 130 nos acolhimentos institucionais e 407 no serviço especializado para pessoa em situação de rua.
A partir do Censo, a secretaria buscou compreender o perfil, o contexto e as condições de sobrevivência da população de rua no município.
Do total de entrevistados, 81% dormem em áreas externas, calçadas e pontos de ônibus, totalizando 536 indivíduos nessa situação.
A maioria dos entrevistados (575 pessoas) é de outras cidades, sendo que 56% não possuem familiares em Rio Preto. Eles permanecem na cidade devido aos serviços assistenciais ofertados pelo município (41% apontaram este motivo) ou pela possibilidade de conseguir emprego (32%).
Baixa renda
Sobre a questão de renda, 70% declaram que recebem até meio salário mínimo, 58% recebem Bolsa Família e 4% relatam receber o Benefício de Prestação Continuada.
Não participam de programas de transferência de renda ou benefícios do governo uma parcela de 29% do total de entrevistados pelo Censo. Dos 756, 77,6% já trabalharam anteriormente.
Dos entrevistados, 47,9% das pessoas declararam que consomem álcool e 26% utilizam drogas entorpecentes, sendo que 60% disseram que já sofreram episódios de preconceito e discriminação por viver na rua, e 18% afirmaram que já foram vítimas de racismo.
O levantamento também questionou a população sobre quais são os seus desejos. A maioria (56%) aponta que o maior desejo é ter moradia, 48% responderam trabalho e 44% demonstraram a vontade de sair das ruas. Somente 4% desejaram permanecer nas ruas.