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Pioneiro no Brasil, projeto que reconstruiu favela com mais de 200 casas é entregue no interior de SP

Pioneiro no Brasil, projeto que reconstruiu favela com mais de 200 casas é entregue no interior de SP
27.09.2024     Fonte: G1

As obras de reconstrução da Favela Marte, que são consideradas inéditas no Brasil, serão entregues na manhã desta sexta-feira (27) em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O projeto começou em 2020 e, após meses de obras, 239 casas foram construídas para abrigar 743 pessoas.

Inicialmente conhecida como Favela da Vila Itália, a Favela Marte era um dos problemas sociais de Rio Preto. Na época, dezenas de famílias viviam em situação de extrema de pobreza no local, que também era utilizado por criminosos para praticar vários tipos de delitos.

Após diversos estudos, criou-se o projeto para reconstrução do espaço. A ação envolveu diversas frentes de trabalho, como a prefeitura, os governos estadual e federal, iniciativas privadas e Organizações Não Governamentais (ONGs) da cidade.

Durante a execução das obras, 239 famílias que viviam em situação de miséria foram realocadas para outros imóveis. A ONG Gerando Falcões ficou responsável por custear os aluguéis dessas pessoas.

Construção das casas

Com o início das construções, a Favela Marte foi denominada 3D - Digna, Digital e Desenvolvida. Antes do projeto, somente 6% das famílias viviam em casas de alvenaria e apenas 12% tinham acesso à água encanada.

O primeiro barraco foi demolido em junho de 2022. O contrato da ordem de serviço para o início da construção das casas foi assinado em novembro do mesmo ano. Desde então, foram vários meses até que os imóveis fossem finalizados com a infraestrutura necessária para garantir qualidade de vida aos futuros moradores.

Ao todo, R$ 58 milhões foram investidos. O projeto pioneiro contou com oito tipos de plantas diferentes. Possui casas térreas e residências com lojas para as famílias que já tinham comércio funcionando na comunidade.

Os imóveis foram construídos com base nas demandas da comunidade. Dezesseis foram adaptadas conforme a necessidade de cada uma das famílias. Todas possuem sistema de energia solar. O loteamento também recebeu melhorias na infraestrutura, como asfalto, saneamento básico e energia elétrica.

O presidente da ONG Gerando Falcões, Edu Lyra, conta que se sente em uma "ficção social" por ver o projeto finalizado.

"Era uma favela atolada no século XIX, onde a gente tinha barracos, famílias em pobreza extrema, não tinha saneamento básico, água potável, iluminação e asfalto. Agora, as famílias saem dessa pobreza extrema para uma dignidade que o brasileiro realmente merece", reforça.

Mudança de vida

Nesta sexta-feira, será feita a assinatura do contrato de todas as casas e também o agendamento das mudanças que podem ser realizadas a partir do dia 2 de outubro. Em alguns casos, de acordo com as necessidades individuais, as famílias já podem retornar às casas.

Embora a maior parte do valor da construção tenha sido subsidiada pelos órgãos públicos, os moradores terão que pagar um "aluguel" mensalmente pela aquisição dos imóveis.

Segundo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), o pagamento se inicia 30 dias após a assinatura dos contratos. O valor dos contratos é variável e não pode comprometer mais de 20% da renda familiar.

O casal Marco Rogério e Ana Carolina, que trabalha com marcenaria, não esconde a sensação de estar de casa nova após a finalização do projeto.

"De início, é gratidão, não tem outra palavra para resumir. Se você comparar o que eu tinha para o que tem agora, não tem o que falar, vivíamos em um barraco, não tinha rua e era muito precário. Tinha dia onde a gente não tinha água e outro em que não tinha luz. Agora, eu tenho um endereço e posso falar que moro em uma rua e em uma casa mesmo. Eu saí do nada para isso", conta.

Emancipação social

O projeto de urbanização vai além da transformação estrutural da Favela Marte: também tem a missão de emancipar socialmente os moradores.

Desde que a iniciativa passou a ser desenvolvida, a renda per capita das famílias aumentou em 253%, passando de R$ 199 para R$ 505. Atualmente, 95,2% dos chefes de família estão trabalhando.

Na saúde, foi possível zerar o número de doenças ligadas à pobreza, tendo em vista que 100% das famílias passaram a ser acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Anteriormente, 47% das famílias se queixavam de doenças respiratórias, diarreias, entre outras.