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Projeto acolhe casais durante e após processo de adoção em Rio Preto: ´Acalma o coração´

Projeto acolhe casais durante e após processo de adoção em Rio Preto: ´Acalma o coração´
13.07.2024     Fonte: G1

Para casais que aguardam o filho biológico, o tempo de espera, muitas vezes, é de nove meses. Mas, para famílias que estão à espera da adoção, o processo pode ser longo, e vem acompanhado de apreensão e muita ansiedade.

Em São José do Rio Preto (SP), um projeto denominado "Ninho do Bebê" acolhe pais que praticam este gesto de amor e generosidade. Eles são acompanhados antes, durante e após a chegada do filho no âmbito familiar.

A chegada de um filho, adotivo ou biológico, é capaz de provocar um turbilhão de sentimentos: medo, amor, insegurança, instinto de proteção. A gravidez faz parte desse momento de transição na vida de futuros mães e pais, mas, no caso de casais que decidem adotar, o processo pode ser bem mais longo.

Para Luciana Monteiro Montalvão e Sheila Ladeia de Souza, a espera foi bem maior que uma gestação de nove meses: foram sete anos e meio na fila. O casal entrou na fila para adoção em janeiro de 2016. Atualmente, faz um ano que Saulo, o filho adotivo delas, entrou para a família.

Ambas as maternidades são cercadas de diferenças, mas, também, muitas semelhanças. Entre elas, o desafio de aprender a exercer o "papel de mãe". Foi no “Ninho do Bebê” que Sheila e Luciana encontraram um lugar onde podem falar sobre a fase da transformação.

Como funciona o projeto?

Durante o período que são acompanhados pelo projeto, os pais, muitos deles de "primeira viagem", recebem acompanhamento psicológico com profissionais especializados. O atendimento é direcionado à recepção e evolução da criança e, principalmente, dos responsáveis.

A psicóloga Wanda Maria Borges é uma das responsáveis pelo trabalho e explica que o objetivo do projeto é ser um local de escuta. A troca de experiências entre os casais e as mediadoras ajuda na tomada de decisões importantes dentro da dinâmica domiciliar.

"É uma roda de conversa, até certo ponto, pois o intuito é ter um caráter psicoterapêutico, então quando algum deles traz um problema ou uma situação difícil ou dolorosa, a gente trabalha tudo ali", conta a psicóloga.

 

Em alguns casos, a escolha pela adoção vem acompanhada de uma frustração por parte dos "futuros papais". A tentativa por uma gravidez biológica pode não dar certo e, antes de entrar na fila de adoção, o casal deve estar seguro e com o psicológico em boas condições, explica Wanda.

Respeitando as regras estabelecidas dentro deste processo, a espera pelo filho pode ir além de nove meses. E a psicóloga reforça que lidar com a expectativa é o primeiro passo.

Denise Savazo, que é pediatra, também participa como uma das mediadoras da conversa e conta que os pais que esperam ou tem um filho adotivo precisam de atenção e um acompanhamento diferente.

"O momento de espera desses pais é equivalente a gestação de um filho biológico, mas que vem de outra forma. É um momento de incerteza, pois eles não sabem quando vai chegar o dia", revela a pediatra.

Com 28 anos de experiência como juiz na área de infância e juventude, Evandro Pelarin diz que alguns pais que ingressam na fila para adoção entram com a concepção de que estão fazendo "caridade".

"Algumas pessoas vem com a ideia de ajudar aquela criança, como se fosse uma caridade e não que vai ser necessário passar por dificuldades que todo pai e mãe passam", explica o juiz.

Por isso, cursos preparatórios, como o "Ninho do Bebê", são fundamentais, pois eles orientam e ajudam os pais nesses momentos.

Andreia Pereira Majer Montalvão está na fila para a adoção de uma criança junto com o marido, Renato Valentim Montalvão. A dinâmica de atividades dentro do projeto tem dado forças e inspiração ao casal.

"A preparação toda do grupo, acalma o coração, a gente vai vendo que é um passo de cada vez e vai organizando, mas mesmo assim existe uma ansiedade de que está chegando logo", revela Andreia.