Um dos maiores nomes da história do jornalismo esportivo brasileiro, Léo Batista iniciou sua longeva carreira no jornalismo esportivo pelo rádio, trabalhando em uma emissora de Birigui, no interior de São Paulo. O jornalista, apresentador e locutor de 92 anos conhecido como "a voz marcante" morreu no domingo (19), no Rio de Janeiro, diagnosticado com um tumor no pâncreas.
Em 1949, Léo Batista tinha 16 anos, ainda era João Baptista Belinaso Neto, seu nome de batismo, e trabalhava como locutor de um serviço de auto-falante em Cordeirópolis, cidade onde nasceu. Até que sua voz foi ouvida por Leonardo Sabioni, dono da recém-criada Rádio Clube de Birigui, situada a 380 quilômetros dali, e que estava de passagem pela cidade.
Léo Batista – ou melhor, Belinaso Neto (que nos jornais era Belinazzo, conforme a grafia da época) – foi contratado por Sabioni e pôde realizar o sonho de narrar as primeiras partidas de futebol pela rádio de Birigui.
“Em Cordeirópolis, de mansinho, eu ia treinando com uma lata de massa de tomate na beira do campo: ‘Bola para fulano… Bateu na trave… Gol!’ Treinei bastante. Meu sonho era transmitir um jogo”, contou Léo, em entrevista ao Memória Globo.
Conforme o filho do fundador da emissora (que existe até hoje), Waldecir Sabioni, Léo Batista ficou cerca de um ano naquele prefixo. Além das narrações esportivas, ele também apresentou eventos como o desfile de 7 de Setembro e a festa do primeiro aniversário da rádio – que contou com a apresentação da então sambista da Rádio Tupi de São Paulo e futura grande dama da televisão brasileira Hebe Camargo.
De Belinaso Neto a Léo Batista
Filho de imigrantes italianos, Léo Batista deixou o colégio interno aos 14 anos para ajudar a família. Mudou-se para Campinas para completar os estudos e trabalhou como garçom e faz-tudo na pensão do pai antes de se dedicar ao rádio.
Em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Globo, onde trabalhou como locutor e redator de notícias. Seu primeiro trabalho na rádio, ainda como Belinaso Neto, foi no programa "O Globo no Ar". Dois anos depois, passou a integrar a equipe esportiva da rádio, estreando ao narrar a partida entre São Cristóvão e Bonsucesso, no Maracanã.
Antes do jogo, ele ainda era conhecido como Belinaso Neto. Mas o então chefe Luiz Mendes (1924 - 2011) achava seu nome original pouco sonoro e disse que teria que mudar. Para escolher como seria chamado, o "paulistinha" – como o chamava Mendes – escreveu algumas opções em um papel e seus colegas votaram, por unanimidade, em "Léo Batista".
“O curioso é que a família, minha irmã, minha mãe, ninguém mais me chamou pelo outro nome. Para todos, passei a ser Léo”, revelou ao Memória Globo.