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Megaoperação no noroeste paulista mira envolvidos do PCC em esquema bilionário no setor de combustíveis

Megaoperação no noroeste paulista mira envolvidos do PCC em esquema bilionário no setor de combustíveis
28.08.2025     Fonte: G1

Uma megaoperação cumpre 16 mandados no noroeste paulista na quinta-feira (28) para desarticular um esquema criminoso bilionário no setor de combustíveis comandado por integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

A força-tarefa, nomeada Carbono Oculto, acontece em Catanduva, com seis mandados, São José do Rio Preto, com cinco, Ariranha, com três, e Marapoama (SP), com dois. Na região de Bauru (SP), Barra Bonita (SP) também foi alvo de um mandado de busca e apreensão em endereço relacionado a uma pessoa física.

Em Ariranha, conforme apurado pela produção da TV TEM, confirmou que a Usina Virgolino é alvo da operação. Em nota, enviada na manhã desta quinta-feira, os advogados de defesa da usina disseram que o local foi alvo de um mandado de busca uma vez que fez um contrato com uma empresa investigada.

O advogado da usina também informou que contribui com as autoridades e que as operações financeiras foram informadas e aprovadas pelo Poder Judiciário, de acordo com a legislação vigente.

A Usina Itajobi, que fica em Marapoama, também é alvo da operação. A TV TEM tenta contato com o advogado de defesa. Em Catanduva também foi cumprido um mandado de busca em um condomínio, onde mora o principal chefe do esquema no noroeste paulista.

O suspeito é dono de um comércio que está sendo construído em Catanduva para lavagem de dinheiro do PCC. Em Rio Preto, os mandados foram cumpridos em dois condomínios de luxo, em uma empresa distribuidora de combustíveis e outra empresa de terminais da área logística do transporte de combustíveis.

Nos locais onde foram cumpridos os mandados de busca, a reportagem apurou que foram apreendidos documentos, computadores e objetos de valor, como joias.

O nome das empresas não foi revelado. As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis no país.

Prejuízos do esquema

No total, são mais de 350 alvos em todo o país, entre pessoas físicas e jurídicas, suspeitos de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.

O PCC agia na importação irregular de produtos químicos para adulterar os combustíveis. O setor estima impacto em cerca de 30% dos postos em todo o estado de São Paulo, em torno de 2.500 estabelecimentos.

O grupo sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais, segundo autoridades da Fazenda. Cerca de mil postos de combustíveis vinculados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.

O esquema tem lesado não apenas os consumidores que abastecem seus veículos no Brasil, mas toda uma cadeia econômica ligada aos combustíveis. A Receita Federal diz que já identificou ao menos 40 fundos de investimentos (multimercado e imobiliários), com patrimônio de R$ 30 bilhões, controlados pelo PCC.

Segundo o órgão federal, os fundos financiaram a compra de um terminal portuário, quatro usinas de álcool, 1.600 caminhões para transporte de combustíveis e mais de 100 imóveis, como fazendas milionárias no interior de SP.

Entre os bens adquiridos com dinheiro desses fundos também estão seis fazendas no interior de São Paulo avaliadas em R$ 31 milhões e uma residência em Trancoso (BA), adquirida por R$ 13 milhões.

Os fazendeiros, donos de usinas e de postos estavam sendo coagidos a venderem suas propriedades para os grupos criminosos. Inclusive, havia até suspeitas de incêndios criminosos em canaviais, empresas e propriedades rurais como forma de intimidação.

Ainda de acordo com relatos que chegaram ao MP, os negócios eram geralmente fechados à vista em dinheiro vivo com valores subfaturados e ameaças de morte caso o "vendedor" desistisse ou "abrisse o bico" para denunciar a coação.