As declarações recentes do deputado federal Eduardo Bolsonaro, nas quais ele afirma ter atuado diretamente com o governo de Donald Trump para viabilizar o tarifaço contra o Brasil, estão gerando preocupação crescente no agro do Noroeste Paulista.
Embora o deputado diga que ajudou a “poupar o povo brasileiro” ao excluir alguns setores produtivos das tarifas americanas, o sinal enviado ao mercado internacional é de instabilidade, confronto político e vulnerabilidade comercial. Para cidades como Palmeira d’Oeste, onde a pecuária, a uva, a laranja e outras culturas agrícolas são a base da economia local, essa instabilidade pode ter efeitos graves.
Uma região que vive do agro
Palmeira d’Oeste é referência em:
Produção de uva, Cultura da laranja, Pecuária de corte e leite, que movimentam o comércio e o setor de serviços
Agricultura familiar, que garante o sustento de centenas de famílias da zona rural
Com a repercussão negativa internacional e a aplicação de sanções diplomáticas e comerciais, o agro local pode sofrer com:
Redução de exportações, mesmo nos setores “poupados", o que diminuiria os preços dos produtos.
Aumento do custo de insumos importados, como fertilizantes e defensivos agrícolas
Menor acesso a crédito rural e queda de confiança do investidor estrangeiro
Perda de competitividade, caso novos mercados passem a evitar parcerias com o Brasil
Ao transformar uma disputa política interna em pauta internacional, Eduardo Bolsonaro coloca em xeque a credibilidade das instituições brasileiras e abre margem para retaliações de longo prazo. Mesmo que laranja, madeira e fertilizantes tenham ficado de fora das tarifas de Trump, a permanência ou ampliação dessas exceções pode mudar a qualquer momento, dependendo do clima político.
Produtores da região já enfrentam oscilações climáticas, custos de produção altos e infraestrutura deficiente. A última coisa que o agro precisa é de instabilidade política importada, que desestimula o comércio e atrapalha acordos com compradores de fora.
Um apelo por responsabilidade
Lideranças do setor rural e especialistas em comércio exterior alertam que o Brasil deve resolver seus conflitos políticos de forma soberana e interna, sem recorrer a sanções externas que, na prática, punem o trabalhador brasileiro e não os seus alvos políticos.
Em Palmeira d’Oeste, o agro é vida, emprego e dignidade para milhares de pessoas. Usá-lo como moeda de troca em disputas ideológicas é não só irresponsável — é perigoso.