O governo Tarcísio de Freitas ampliará o tempode cada aula das escolas estaduais, do 6º ano do fundamental ao 3º do médio,de 45 para 50 minutos. Além dessa alteração nas novas grades curriculares da rede de ensino paulista,que entram em vigor em 2025, haverá a ampliação da carga horária de línguaportuguesa e de matemática, tanto no ensino fundamental 2 (6º a 9º ano)quanto no ensino médio.Por outro lado, algumas disciplinas perdem espaço. No fundamental, é o casode geografia e história (de 16 aulas semanais cada uma, ao longo dos quatroanos, para 10) e de ciências (16 para 14). No médio, serão reduzidas aulas degeografia (de 6 aulas semanais, ao longo dos três anos, para 4) eeducação física.
Além das disciplinas tradicionais, haverá outros ajustes. No ensinofundamental, educação financeira ganha espaço (de 4 aulas semanais, ao longodos quatro anos, para 6). Já tecnologia e informação, perde (de 8 para 6; saindodo currículo do 9º ano).
No ensino médio, a principal redução acontecerá nas aulas de Projeto de Vida.Das 6 aulas semanais ao longo dos três anos, como é a grade em vigor (duasaulas semanais a cada série), será apenas uma aula por semana, somente no 3ºano.
Com o aumento da duração de cada aula, de 45 para 50 minutos, a rede paulistavoltará ao padrão normalmente adotado nas escolas públicas e privadas dopaís. A redução dos 5 minutos havia sido feita em 2019, pelo governo João Doria
Com esse enxugamento, o então governador aumentou a quantidade de aulasdiárias, de seis para sete. No cômputo total, a carga horária diária subiu 15 minutos (em 2025, as grades voltam às seis aulas diárias e, portanto, serão 15minutos a menos por dia).
Àquela época, a intenção era ampliar o espaço para as chamadas disciplinaseletivas e extracurriculares, dentro de um conceito de um currículo maisdiversificado. As mudanças foram feitas no contexto da implementação, emtodo o país, do (então) novo ensino médio, que reduzia a carga de disciplinastradicionais, como português e matemática, para criar espaço para matériasnovas, de uma infinidade de temas.
Como se sabe, esse caminho se mostrou falho, e o ensino médio foi novamentereformado pelo governo Lula, com a retomada da carga maior para asdisciplinas tradicionais. A lei foi sancionada em julho, e as mudanças devemcomeçar a ser implantadas em 2025.
De acordo com Daniel Barros, coordenador pedagógico da Secretária da Educação do Estado de
São Paulo, ocurrículo do ensino médio do próximo ano já está alinhado como esse (novo)novo ensino médio. "É um modelo com o qual concordamos, mais enxuto,concentrado nos conteúdos básicos", afirmou à Folha. Segundo ele, a perda de geografia no ensino médio será compensada com a matéria de geopolítica para os alunos que optarem pelo itinerário de humanas (há também o de exatas). Já a redução da carga de Projeto de Vida, de acordocom Barros, se justifica pela própria reforma do ensino médio, que reduziu ofoco nos itinerários formativos.
A ampliação do tempo dedicado à matemática e à língua portuguesa, tanto noensino fundamental quanto no médio, explicou o coordenador, se dácomputando também as novas aulas de orientação de estudo (uma espécie derecuperação). No ano passado, o governo Tarcísio já havia ampliado o espaçopara matemática e português, com a redução de artes, filosofia e sociologia(essas duas últimas, no ensino médio).
As alterações se referem às escolas de tempo regular, que concentram 2/3 dosestudantes da rede estadual. Nas de tempo integral, segundo Barros, asmudanças serão mais sutis, concentradas na parte diversificada do currículo,não na principal.
Já o aumento de 45 para 50 minutos em cada aula vale para todas as escolas.Barros afirmou que os 5 minutos a menos atrapalham o andamento das aulas."É um tempo que faz diferença, porque o professor, antes de começar a aula,precisa organizar a turma, fazer a chamada, pedir para todo mundo guardar ocelular...", disse.