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Pesquisadores da Unesp do interior de SP descobrem potencial de óleo no combate ao vírus da zika

Pesquisadores da Unesp do interior de SP descobrem potencial de óleo no combate ao vírus da zika
06.04.2024     Fonte: G1

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, descobriu o potencial do óleo de copaíba, planta usada por indígenas da região amazônica para tratar doenças de pele, para combater o vírus da zika (ZIKV).

Conforme a Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou o estudo, há cerca de oito anos, o zika se revelou capaz de causar em bebês uma síndrome congênita que inclui alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras.

Em adultos, a doença também pode provocar transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré. Até o momento, contudo, não há vacinas ou opções específicas para tratar a infecção.

Por isso, a pesquisadora do Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp, Marília de Freitas Calmon, explicou ao g1 que a pesquisa pode representar uma evolução, já que o óleo indica caminhos para o desenvolvimento de terapias para a doença, e abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas.

“O grupo de pesquisa ficou muito satisfeito com estes resultados e isto nos motiva a continuarmos realizando estudos para a descoberta de novos antivirais, sejam naturais ou sintéticos para a prevenção ou tratamento de doenças infecciosas”, celebrou a pesquisadora.

Etapas

 

Conforme a pesquisadora, o estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do laboratório que é a identificação de novos antivirais contra diversos vírus, principalmente contra os arbovírus zika, chikungunya e mayaro, que causam doenças em humanos e que ainda não possuem um tratamento específico.

A pesquisa foi iniciada com ensaios que confirmaram a estabilidade das nanoemulsões - dispersões onde o tamanho das gotas estão em escala nanométrica - do óleo por 60 dias, quando armazenadas a 4°C, e sua capacidade de ser internalizada pelas células infectadas pelo vírus.

Na sequência, foram feitos tratamentos simultâneos com a nanoemulsão em células infectadas a uma concentração máxima, não tóxica, de 180 microgramas por mililitro. Os resultados foram comparados com os de outra formulação sem o óleo de copaíba.

No resultado do teste, foi observada uma inibição viral de 80% para a versão com o óleo e de 70% para a versão sem, ou seja, tanto a estrutura da nanoemulsão quanto sua associação com o óleo apresentaram a atividade.

Segundo a Fapesp, os pesquisadores também fizeram um teste de dose-dependência para verificar se uma concentração aumentada melhoraria a capacidade de inibição nos níveis de RNA viral, o que foi confirmado.

Próximo passos

Segundo a Fapesp, apesar dos resultados promissores, os pesquisadores são cautelosos: como a nanoemulsão sem óleo também apresentou atividade antiviral, existe a possibilidade de parte do efeito estar relacionada à composição da lecitina do ovo presente na estrutura da nanoemulsão.

Outros estudos já demonstraram, inclusive, capacidade inibitória de nanoemulsão lipídica derivada de alimentos naturais.

Além disso, faltam detalhes sobre como a replicação do vírus da Zika é inibida. A coordenadora da pesquisa explica que são necessários estudos adicionais para identificar, por exemplo, em quais etapas isso ocorre.

“Com essas informações, seria possível determinar a maneira como um futuro medicamento poderia ser utilizado: como pré-tratamento ou após a infecção”, acredita a pesquisadora.

Por enquanto, a prevenção se mantém como a melhor maneira de combater a doença, de acordo com o Ministério da Saúde, que recomenda evitar acúmulo de água em calhas, caixas d’água abertas, lajes, pneus e vasos, locais onde o Aedes aegypti deposita seus ovos.